O Rap, a Arte e a Presença dos Rappers na Fundação Casa
Na quarta-feira (30) e na última terça (12), o rapper Crônica Mendes esteve em diferentes unidades e atividades na Fundação Casa em São Paulo. Na primeira delas, nas duas unidades de Guaianazes , Crônica esteve com o arte educador Tubarão Du Lixo, que desenvolve lá dentro um belo projeto de arte a partir da reciclagem e também de poesia. E na terça, junto com Ao Cubo, cantou e trocou uma idéia com os meninos que aguardam julgamento na Unidade de Internação Provisória (UIP) Rio Turiassu, no Brás.
O cenário é quase sempre o mesmo. Os meninos com as cabeças raspadas e os trajes ora azul, ora marrom, vão entrando a sala e pedindo licenças. “Licença senhor, senhora…” E assim se ouve o tempo todo. O clima também não muda muito no geral. Mas com as atividades, os rostos esquecem um pouco a angústia e dão espaço para o sorriso.
As palavras são sempre sinceras e lançadas com muito amor para os meninos que lá vivem. Uns por mais tempo, outros que acabaram de chegar. Mas a maioria, bem que poderia não estar lá. “Esta é uma das únicas atividades que estou presente e que torço para estar mais vazia”, afirma Crônica ao se apresentar.
Nas unidades da Zona Leste, Crônica e Tubarão realizaram um sarau e trocaram bastante idéia com os meninos. Os garotos também puderam ler suas poesias e cantar. A música Brinquedo Assassino e Castelo de Madeira sempre são muito pedidas nas unidades. Castelo de Madeira foi cantada ‘a capela’ e com participação de todos. Com energia e palmas.
Na unidade do Brás, mais de cem meninos participaram da atividade com a presença de pessoas da igreja Bola de Neve. O grupo Ao Cubo iniciou a apresentação com a música “Eu nasci pra vencer”. Naquela Sala e 1980 emocionaram bastante os meninos. A unidade do Brás se apresenta mais rígida do que outras.A música ‘Faça por Amor’ foi a primeira cantada por Crônica Mendes e a identificação é imediata. “Se o rap tem que estar onde o povo está, ele tem que estar aqui junto com vocês. O rap não abandonou vocês e, por favor, não abandonem o rap”.
Ao final da atividade, vários meninos choraram muito quando ouviram a música Castelo de Madeira e as idéias de Crônica sobre respeito, vencer, amor… “Nosso pensamento sempre será livre. Nossa alma sempre estará livre. Nenhum homem foi feito para ser preso”, disse, “espero que quando eu voltar, eu não veja nenhum de vocês aqui e em nenhuma unidade da Fundação Casa. Quero encontrá-los na rua, nos shows, no mundão afora. Muito amor!”.
Agradece!!!
Texto e Fotos: Nina Fideles
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